quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

O caminho de volta...

"Preciso voltar! Precisco voltar!" - dizia freneticamente uma voz. Da consciência, talvez.

Êxtase e Angústia... Afinal, isso é o seu ópio.

Por isso, ela vai voltar em breve...

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Novo percurso

A chuva fina tornava os passos inseguros. A calçada já destruída, cheia de limo, fazia as pernas vacilarem na descida da rua lateralmente localizada ao hospital.
Estação Clínicas do metrô: atravessou o longo corredor que conduzia à saída da estação enquanto decidia se passaria no banco antes ou depois do expediente no trabalho. Decidiu mudar o percurso para o caminho que não tinha bancos. Apressou os passos, seguindo pela rua à esquerda e atrás do grande hospital das Clínicas. Pensou, ainda, em tomar a direita e adentrar o hospital, passar no médico e queixar-se da velha otite para ganhar um dia ou dois. Decidiu-se pelo caminho à esquerda e atrás do hospital.
Disputou um lugar na calçada cheia de enfermos e seguiu para o trabalho. Notou que os sapatos estavam bastante molhados - “malditos sapatos de pano!”. Desejou tirá-los e esticar as pernas na poltrona da sala.
Enfim, chegou à ruazinha mal movimentada. O vai e vem de funcionários, por um instante, confundiu-a: grandes manchas brancas que subiam a rua na sua direção. Despertou e conseguiu desvencilhar-se de um carro que, passando pela sarjeta, jogou água por todos os lados. "Filho da puta!" - pensou, carregando a censura da mãe por onde quer que fosse.
Descendo a rua, notou que o caminho era muito mais longo que o caminho habitualmente percorrido. Lembrou-se dos belos olhos azuis de Luis e da pele branca, dos dentes e do sorriso. E sorriu. Ao passar por uma grande curva, percebeu que estava bem atrás do hospital.
Foi surpreendida por um homem que, vestido de branco, apresentava-se como mais uma mancha branca no canto do olho direito. Seriam as pessoas, também os médicos, somente manchas, de várias cores? O homem passou e diminuiu os passos enquanto ela andava atrás dele.
Conseguiu ultrapassá-lo e saiu, subitamente, em frente a um bar, na movimentada Oscar Freire. Abandonara a calmaria daquela espécie de alameda próxima ao Instituto Médico Legal - onde provavelmente estariam alguns dos passageiros ainda não identificados daquele acidente aéreo - para reencontrar-se diante de tantos carros e de tanta gente que bebia no bar no meio da semana?
Atravessou a rua um pouco atordoada, desvencilhando-se novamente de um carro, que acabaria de molhar o sapato e também as roupas, e voltou para aquela espécie de alameda. Desse lado, porém, encontra outro tipo de calmaria: pequenas lojas com estilo convidativo e acolhedor se apresentam: uma sapataria, uma loja de roupas de fabricação própria, uma pequena loja de produtos naturais.
Sorriu novamente. Lembrar-se dele era especialmente agradável num dia como aquele. Ele era um homem cuja lembrança fazia suspirarem as mais incrédulas.
Parou diante de uma padaria numa esquina e pensou se compraria pães. Lembrou-se da dieta e desistiu da ideia. Pensou nos trabalhos que a aguardavam e sentiu-se triste.
Atravessou mais uma rua, dessa vez chegando já ao trabalho. Ao avistar o café decidiu entrar para comprar algo e, finalmente, decidiu que contaria tudo a ele.

Acordou no sofá, com as pernas esticadas na poltrona enquanto chovia fortemente lá fora e a rua à esquerda do hospital tinha mudado de lugar.

sábado, 6 de junho de 2009

Zwei

Uma ocasião, um lugar.

Dois caminhos que se cruzam sem se encontrarem.
Duas vidas que se encontram sem se completarem.

Velhos novos conhecidos perdem-se no desencontro e se reencontram em outros lugares.
Em outras pessoas.

Presença virtual, desejos impacientes.
A alma se transporta e transcende o corpo, deixando-o só, ali, incerto e imprudente.

Afago que incendeia e repele.
Olhares que não se buscam, amores que desencantam.

Sons de automóveis e saltos de sapato e sirenes e portas que batem são abafados pela ensurdecedora solidão.

Só um homem e uma mulher só.

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Ao som de: Dull flame of desire - Bjork com Antony Hegarty (http://www.youtube.com/watch?v=BWV4N-ZcDJg)

quinta-feira, 4 de junho de 2009

A-ha!

Post extra!
Encontrei no blog do Vinicius (Canto em Silêncio) e recomendo este teste:



http://www.inspiira.org/

Eu sou do tipo ENTP: Extrovertidos (E), Intuitivos (I), Pensadores (T) e Perceptivos (P). O site oferece uma explicação detalhada dos tipos.
O resultado pode assustar ou encantar. Como diz o ditado: "quem não deve, não teme"...

Aufwiedersehen!

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Almofada anti-refluxo

"Tabacaria", de Álvaro de Campos (heterônimo de Fernando Pessoa), por João Villaret: http://www.youtube.com/watch?v=de5RmUq-NL8

"Quase termina uma semana que sequer começou": é essa a sensação que tenho ao olhar o tempo lá fora, ao cair da noite e da temperatura, pensando se certas atitudes paralisantes deveriam ser por tanto tempo levadas adiante, pela comodidade que oferecem, ou se deveriam ser bruscamente abandonadas, por representarem uma espécie de envenenamento do indivíduo.
Em todo o início de semana eu proponho, a uma parte de mim que ainda os aceita, uma série de planos traçados meticulosa e mentalmente, que, ao menos nessa ocasião, colocam-me em posição de agente do meu próprio destino. Nesses planos evito as dietas milagrosas, que nunca são levadas a cabo, e eventuais falsas intenções de procurar velhos amigos que não vejo há mais de dez anos.
Pois bem. Chegada a quarta-feira, percebo não ter começado qualquer um dos planos que tracei e já penso em abandonar uns 3 ou 4 deles, por inviabilidade ou falta de tempo hábil para a realização de algumas tarefas envolvidas. Começo a considerar que a quarta-feira tem lá sua função de me colocar diante desses planos e me fazer perceber que nenhum deles poderá ser realizado.
Acabo por me contentar só em levar a cabo as obrigações, que nem são tantas, mas, sendo obrigações, roubam muito mais de nosso tempo e de nossos esforços. Na realidade, consomem também nossa preciosa paciência que, em duas horas, há de sair pela janela através de um grito, um suspiro ou um objeto atirado à rua.
Ainda assim, eis que começa nova semana e refaço todos os planos com dose extra de esperança e redobrado cuidado com as estratégias, que devem levar em consideração a minha dificuldade em levar as coisas à prática.

E, renovada a esperança, eu até penso em tentar uma nova dieta...

domingo, 31 de maio de 2009

Pingos do i

(re.flu.xo)
sm. 1 Ação ou resultado de refluir

2 O movimento da maré descendente; VAZANTE.

3 Corrente ou movimento contrário ao outro

4 Med. Fluxo no sentido inverso ao normal (como o de alimento do estômago para o esôfago); REGURGITAÇÃO.

5 Quím. Parte do destilado que é posto de volta à coluna fracionadora, para ser novamente separado


(cons.ci.ên.ci:a)

sf. 1 Atributo que permite a uma pessoa a percepção, com certo grau de objetividade, do que se passa em torno de si (o mundo exterior) e dentro de si próprio (o mundo interior ou subjetivo).

4 Conhecimento, noção, percepção (de situações, fatos, conceitos específicos)

10 Fil. Psic. Com base em conceito do filósofo alemão Nietzsche, e adotado na psicanálise, a faculdade de autopercepção objetiva, limitada pela ação das pulsões e emoções do ser humano

12 Psi. Nível de atividade mental no qual se tem percepção dos processos internos e externos (em oposição ao nível da inconsciência ou da subconsciência)

Fonte: Aulete Digital - Dicionário contemporâneo da Língua Portuguesa, em http://www.auletedigital.com.br/.